25/09/2025

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Um dia divertido no sítio

Um dia divertido no sítio

Emoção. Essa é a palavra escolhida pela coordenadora pedagógica Maviane Lima para resumir o dia 16 de setembro. Aquela terça-feira tão aguardada marcava a primeira saída externa dos alunos da Escola La Salle Rio de Janeiro desde 2017. Se naquele ano a turminha que se despedia da escola (atual Pré II) esteve em uma casa de festas, desta vez todos os anos de escolaridade participaram em conjunto da aula de campo no Centro de Eventos La Salle Abel, sítio mantido pela Rede La Salle em Itaipu e reinaugurado no primeiro semestre deste ano, após obras de revitalização. Às 8h30, três ônibus saíram do Ensino Médio do Abel, levando 110 crianças, ansiosas como nunca. Muitas delas viviam pela primeira vez uma experiência semelhante. A manhã e a tarde passadas ali foram preenchidas por diversas atividades físicas e brincadeiras, reforçando que todo aprendizado passa também pela ludicidade. Confira nesta matéria uma entrevista com Maviane sobre esse momento tão especial:

Escola La Salle RJ: Esta escola é um lar, o abrigo das crianças, mas os passeios também guardam importantes memórias afetivas. Como surgiu a ideia de aproveitar esse espaço reinaugurado há tão pouco tempo, e o que essa saída externa representa?

Maviane Lima: “Para o aluno é uma atividade nova, é sair da escola, ir para a rua, muitos achavam que estavam indo viajar. Pedagogicamente é uma aula de campo, é uma vivência fora dos nossos muros. Já fomos ao sítio no passado, ao zoológico, na Casa Abel em Saquarema, mas todas essas saídas ocorreram antes da pandemia. Entrando no ônibus com eles, lembrei de quando eu era criança, do sorriso da minha professora, muito animada falando que nós iríamos passear. Eu era muito pequena, e sempre estudei em escola pública. Voltando com os nossos alunos pensei: ‘Caramba, a minha professora deve ter voltado muito cansada’. Porque toda a equipe estava muito cansada, assim como as crianças, mas um cansaço tão gostoso. Elas estavam sonolentas, mas com um sorriso no rosto. Nunca fiquei tão feliz de estar cansada dessa forma. Parece que eu extravasei, eu estava esperando tanto, fico com vontade de chorar. Eu sonho muitas atividades para as nossas crianças, ir ao Jardim Botânico, aos museus, mas nem sempre é possível realizá-los, fazer tudo o que gostaríamos.

Quando o sítio ficou pronto, esse espaço nosso, gratuito, só precisaríamos arcar com o ônibus, percebi que seria possível. Nosso diretor perguntou quantas crianças iríamos chamar e eu falei todas, inclusive as nossas crianças atípicas. Conseguimos a presença das mediadoras, que dobraram o turno de trabalho para acompanhá-las, e agora eu vou ter uma escala de folgas pra dar, mas pensei primeiro no suporte e na segurança. Nós temos 116 crianças matriculadas na escola e pensei que 70 delas iriam, os pais aceitariam. No fim, tivemos alta adesão, 110 crianças foram conosco para o sítio”.

 

Escola La Salle RJ: Como foi organizar essa aula de campo para toda a escola?

Maviane Lima: “Sou muito grata à minha equipe por ter permitido isso. Saí para comprar açaí, condimentos porque eles gostam de jujuba, confete, leite em pó. Cheguei na escola e lembrei dos sacos de lixo, dos detergentes. Fabiano (Fabiano Fernandes de Paula, colaborador de Serviços Gerais) já tinha separado, tomando à frente para organizar tudo. Nossa nutricionista, Flávia Carrete, preparou um cardápio específico para o dia, nada que fugisse muito da nossa rotina, mas que foi abraçado por todos. Cortamos quilos de peito de peru para fazer sanduíche, levamos pães de sal, maçãs da turma da Mônica, que eles amam. As crianças aqui comem bem, mas ontem, cheias de energia, comeram como nunca. Os quatro quilos de arroz diários viraram seis e acabou tudo. Todas elas comeram e repetiram duas vezes o estrogonofe com arroz branco, batata palha, e salada de alface e tomate no almoço. A alface eles mesmo colheram na nossa horta, tudo fresquinho, higienizado.

Foi tudo pensando em pequenos detalhes: o contrato com a empresa de transporte, o seguro das crianças, entrar em contato com a Secretaria de Urbanismo para informar que iria influenciar o trânsito momentaneamente, o apoio de funcionários do Unilasalle para garantir a segurança das crianças na subida e na descida do ônibus, as autorizações dos pais documentadas, criar cronograma, criar escala para as estações das brincadeiras, elaborar o cardápio, correr atrás de uma lona extra para servir de escorrega... Nesse processo também fiquei preocupada em engajar a equipe, mas estavam todos empolgados com o que estávamos proporcionando para as crianças. Foi prefeito”.

 

 

Escola La Salle RJ: Quais eram as estações das brincadeiras? Fale um pouco sobre o que as crianças puderam trabalhar nesta saída externa.

Maviane Lima: “Avaliamos o tempo de concentração de cada faixa etária para pensar na permanência em cada estação. Se víamos que estavam dispersos, trocávamos. No planejamento inicial, teríamos o tio Bidu, professor de capoeira, com uma turma, a tia Fernanda, professora de Educação Física, com outra, os pequenos da Creche III no parquinho e eu com os mais velhos no futebol, seguido do escorrega na lona com sabão e banho no chuveirão antes do almoço. As crianças na capoeira, como já vivem muito isso na escola, depois de 30 minutos já estavam de olho na recreação com minhocão e outros brinquedos de colônia de férias, que a tia Fernanda levou. Esse é um dos exemplos dessa percepção que tivemos, reduzindo o tempo de 45 minutos para 30 minutos. Os pequenos amam o parquinho, se divertiram com bambolê e bola, mas os mais velhos querem competir, então fomos adaptando segundo as necessidades. No fim, todos brincaram muito. Mesmo quem tropeçou e caiu, não chorou por nada. Os pequenos arranhões pela fricção com a grama foram da vivência, são marcas do contato com a natureza e fizemos questão de explicar na agenda no dia seguinte”.

 

Escola La Salle RJ: Se você pudesse definir em uma palavra o que vocês viveram que palavra seria essa?

Maviane Lima: “É emoção. E aí eu vou chorar de novo, porque para todos foi muito emocionante. Os pais acompanharam em tempo real pelos stories e quando entregamos as crianças recebemos os retornos deles também: ‘Nossa, vocês estão de parabéns, acompanhamos tudo, a oração, a entrada no ônibus, ficamos ansiosos esperando o próximo momento’. Então, até os pais ficaram emocionados, radiantes”.

 

E será que eles, os nossos protagonistas, gostaram? Com vocês, os depoimentos de alguns dos nossos pequenos aventureiros:

Fernando Vianna Rabelo - Pré II

“Tinha um escorrega que a gente escorregava de bumbum, de barriga, ia parar lá na frente. A mangueira era para jogar no escorrega”

 

Maitê Cardoso da Silva - Pré I B

“Com o sabão e a água no escorrega, no final a gente se sujou todo, mas se divertiu com lama. Aí teve um chuveiro que tinha água gelada. E muitas árvores. E sabe o que a gente fez quando acabou o almoço? Comeu açaí”

 

Heloísa Bernardo da Silva - Pré II

“Eu gostei de tudo”. Principalmente de dançar, completou a tia Mavi

 

Liz da Conceição Silva Soares - Pré I B

“O que eu mais gostei foi o estrogonofe e de andar de ônibus”

 

Por Luiza Gould / Colaborou: Bárbara Pessanha

Fotos de Adriana Torres

Ascom Unilasalle-RJ

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