As primeiras vozes, a abrir a cerimônia, são de Arthur Machado e Enzo Brum. Eles se revezam para ler, aos 5 anos de idade. E leem palavras da escritora Ruth Rocha: “Toda criança no mundo deve ser bem protegida contra os rigores da vida. Criança tem que ter nome, criança tem que ter lar, ter saúde e não ter fome. Ter segurança e estudar”. Há também as vozes que se unem para formar um coro. Não é possível distinguir quem é quem pois todos cantam juntas Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita e é bonita”. Aplaudidas de pé, as donas daquelas vozes sobem ao palco para novos repertórios, incluindo “Depende de nós” (Balão Mágico), “Aquarela” (Toquinho) e “Lua de Cristal” (Xuxa). No primeiro dia de dezembro, mais uma turma do Pré II se despediu da Escola La Salle e a história deste encerramento será contada a partir das muitas vozes que se encontraram no Auditório La Salle.

A voz grave do Irmão Jardelino Menegat trazia um toque extra de carinho aos 25 formandos. “Toda criança tem o direito de ter uma escola de qualidade e eu tenho a certeza de que vocês a tiveram. O lar de vocês é maior do que encontram em casa e na escola, pois aqui vocês têm uma grande família. Há poucos dias, neste mesmo local, todas os alunos receberam um presente de Natal de um padrinho ou madrinha procedente do Colégio La Salle Abel e do Unilasalle-RJ, instituições que se orgulham muito de estarem com vocês”, afirmou o gestor das três casas.

Ao longo de três anos, os alunos que agora concluem o Pré II contaram com momentos de troca para além dos muros da La Salle RJ, como aquele relatado pelo Irmão, mas também somam inúmeras vivências cotidianas junto da turma e das professoras. Três vozes foram escaladas para narrar algumas dessas vivências. Alice Costa iniciou assim a sua participação: “Nossa, tudo passou tão rápido! Parece que foi ontem que chegamos aqui”. Elloá Estevão citou o aprendizado, os amigos, as brincadeiras, a bagunça. Já Kaike Alves de Sousa, com o texto na ponta da língua, afirmou que aprendeu a somar e a dividir, “não só com os números, mas com os nossos brinquedos também. E muitas cambalhotas com o tio Almir e o tio Bidu”.

Criança tem voz e espaço de fala. Foram os pequenos que explicaram ao longo do evento o propósito do Salada de Letras. Aliando o trabalho nutricional de Flávia Carrete com a apresentação das consoantes e vogais em sala de aula, o projeto pedagógico leva as crianças para a cozinha. “Fizemos receitas de A a Z... Como aquela com B de brócolis. E tomamos muito sorvete, que começa com a letra S! Através das receitas, conhecemos as letras do alfabeto, os fonemas e conseguimos formar muitas palavrinhas juntos”, disse Sophia Pinheiro de Sousa no palco.

Para dar esse passo tão crucial à alfabetização, a instrução parte de uma voz bem familiar. Essa voz é a da professora. Em 2022, Alessandra da Conceição Alves assumiu pela primeira vez a missão de ser uma das educadoras do Pré II e celebra o que representa essa oportunidade na vida de uma pedagoga: “Sabemos que cada dia é um tijolinho nessa construção, para que eles consigam fazer a leitura e possam se expressar. Foi um ano desafiador e emocionante. Essas crianças passaram pela pandemia na escola, voltaram com a turma dividida, parte de manhã, parte à tarde, e pela primeira vez estavam todos em tempo integral na escola. Conseguimos vencer essas adaptações”. Alessandra aponta como lembrança marcante deste tempo uma de suas alunas imitando as professoras. “Eles prestam atenção em cada detalhe, por isso precisamos ter muita sensibilidade no que falamos e no que fazemos”, explica a pedagoga antes de ser interrompida pela doce voz de Valentyna. “Eu quero tirar uma foto com a tia Lê”, informou a menina, puxando pela mão quem agora é uma referência que ela levará para a vida.

Na vida de Davi Lucca Sales a avó Maria de Fátima é a grande referência. Foi com a voz embargada pelo afeto nutrido entre eles que Maviane Lima, a coordenadora da Escola La Salle, chamou o aluno do Pré II para que ele pudesse entregar uma doce lembrança à sua avó. Maria representou todos os pais e familiares na homenagem daquela tarde. E não foi preciso dizer uma palavra para externalizar a emoção de ver o neto formado na Educação Infantil.

Por Luiza Gould
Fotos de Adriana Torres
Ascom Unilasalle-RJ