10/06/2014

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Projeto História Viva

Projeto História Viva

Uma trajetória de vida marcada pelo sofrimento e pela dor, mas que anos depois deram lugar a um trabalho de conscientização de jovens contra o preconceito, a intolerância racial e religiosa e a xenofobia. A convite do La Salle Abel, o presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista Sherit Hapleitá – RJ, Sr. Aleksander Henryk Laks, esteve novamente no colégio, na manhã desta terça-feira (10/06), para falar aos alunos do 9º ano do EF II sobre como foi sua vida, após sobreviver ao Holocausto, na Alemanha em 1945.

Com o objetivo de viabilizar o contato direto dos estudantes com um personagem histórico vivo, para que assim pudessem vivenciar as experiências relevantes à própria vida, proporcionando um choque de realidade, o projeto “História Viva”, organizado pelos professores Leonardo Chermont e Leandro Chaves, pela Coordenadora do EF II, Cláudia Braz, e pela responsável pelo Serviço de Cultura e Eventos, Verônica Lins, contou ainda com a presença do Diretor do colégio, Ir. Arno Lunkes, e da Secretária Escolar, Laércia Valente. 

Aos 87 anos, Aleksander Laks considera-se um brasileiro, mesmo nascido na Polônia, e garante que não faz palestras, mas sim, dá um testemunho de vida: “Eu estava predestinado a viver, a estar aqui e dizer que isso não pode acontecer nunca mais”, destacou ele, referindo-se à intolerância e à violência. O convidado ainda revelou que não é apenas um dos sobreviventes do holocausto, mas também o único aluno que sobreviveu a um massacre ocorrido em sua escola, quando tinha 11 anos, no qual todas as crianças foram levadas a um campo de concentração e mortas. Naquele dia, seu pai não o havia deixado ir à aula, o que acabou salvando sua vida, para hoje poder contar essa história.

Durante seu relato, ele destacou a importância dos professores, principalmente daqueles que, em 1944, lhe incutiram a cultura nos guetos da Alemanha. Em seu primeiro livro “O Sobrevivente – memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz”, ele fez uma dedicatória aos pais e também aos professores “catedráticos do gueto”, como os chamava.

O encontro, de grande valor histórico e religioso, e que encantou a todos os presentes, foi encerrado com a exibição de um vídeo, exibido no programa Fantástico, da Rede Globo, o qual relata sua trajetória, e também com uma rodada de perguntas dos alunos. 


Aleksander Henryk Laks – Nascido na Polônia, judeu e vítima do holocausto. Sobrevivente das atrocidades nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Aleksander relatou os sofrimentos inimagináveis aos quais foi submetido e contou como conseguiu sobreviver a eles. Tornou-se um defensor ardoroso da tolerância entre as pessoas e fez de sua vida um exemplo de como manter a esperança.

Seu calvário começou aos 11 anos, quando o exército nazista invadiu a Polônia, em setembro de 1939. A partir daí, sua vida e de sua família transformou-se numa luta diária pela sobrevivência. Mas este foi apenas o começo da série de crueldades impingidas aos judeus. Uma delas foi a fome, que matou cinco mil pessoas no primeiro mês de invasão. Logo após, Aleksander e sua família foram confinados no gueto de Lodz. E das 160 mil pessoas lá confinadas, ele foi um dos 1.600 sobreviventes.

A fome fez com que a família Laks se entregasse aos nazistas. Levados para diversos campos de concentração, Aleksander (com 16 anos) viu sua mãe pela última vez, ao descer do trem que os levou para Auschwitz, lugar onde passou os momentos mais torturantes da sua vida.

Após saber da morte de sua mãe na câmara incineradora, assistiu à morte do pai, que não resistiu à caminhada na “Marcha da Morte”, pelos mais de 500 quilômetros entre vários campos de concentração. Dos 600 prisioneiros que partiram de Auschwitz, apenas 50 sobreviveram. E novamente Aleksander estava entre eles.

A redenção veio junto com a chegada do exército aliado. Aleksander foi salvo pelas tropas que interceptaram o trem que o levava de um campo de concentração para outro. A certeza de que seu sofrimento teria fim veio na forma de um copo de leite quente, entregue por um soldado aliado.

Morou parte de sua vida nos Estados Unidos e depois veio para o Rio de Janeiro, a procura de parentes que seu pai, antes de morrer, havia revelado que tinha. Por meio de uma carta, Aleksander Laks encontrou seus familiares brasileiros e mudou-se para o país, onde vive até hoje. Atualmente, é viúvo e tem dois filhos.
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