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Para a reflexão deste mês de setembro, apresenta-se a continuação da conclusão do artigo, com o Título “As famílias na pós-modernidade e o desenvolvimento moral” na Revista STUDIUM/MT - Set 2016, 3.

Uma reflexão sobre pergunta clássica, já elaborada por Sócrates, “que é um homem virtuoso e o que é uma escola e uma sociedade virtuosas que educam homens virtuosos? ” (KOHLBERG, 1992, p. 20). Que é uma família virtuosa que educa filhos virtuosos? Que forma uma sociedade virtuosa? Em seus estudos, Kohlberg e assessores, perceberam que poucas pessoas atingem o nível pós-convencional de decisão moral. “Apesar da maturidade e da beleza do raciocínio moral dos estágios 5 e 6, devemos ter em mente que apenas 6% a 10% das pessoas apresentam tal tipo de raciocínio” afirma Biaggio (2006, p. 28). As pessoas não nascem morais, mas seu desenvolvimento moral evolui em etapas de formação do pensamento evolutivo-cognitivo conforme a maturidade biológica, as condições educativas e culturais do meio no qual estão inseridas. Partindo desse pensamento, Kohlberg esperava que os pais e professores estivessem moralmente maduros para auxiliarem as crianças e os jovens no crescimento moral mas, como ele mesmo percebeu, isso nem sempre ocorre. Outro fato que o autor aponta é que sentia dificuldades em encontrar bons professores e bons pais para auxiliá-lo nos programas de educação moral que empreendeu, uma vez que a maioria deles se encontrava no nível de formação moral do nível convencional e alguns até no nível pré-convencional. Mais uma vez, constata-se que a influência do adulto na construção moral da criança e do jovem é um fato essencial, pois se, segundo Kohlberg, o adulto encontra dificuldades em atingir o nível máximo da moralidade, como poderá construí-la nas crianças e nos jovens?

A educação moral é uma dimensão da educação integral das crianças, dos jovens e dos adultos. Cabe à família iniciar essa formação, que deve ser continuada na escola. O texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1987) faz a pergunta: “mas será que cabe à escola empenhar-se nessa formação? ”. E continua dizendo que, na história educacional brasileira, a resposta foi, em várias épocas, positiva. Conforme os PCNs (BRASIL, 1987, p. 51), desde o primeiro projeto de ensino público, em 1826, as leis orgânicas do ensino brasileiro responsabilizam a escola e os professores para a educação moral dos cidadãos brasileiros. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) afirma, em seu artigo 205, que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”. Assim, a formação moral é de responsabilidade do Estado, da família e das escolas e, nestas deve ser tratada como tema transversal. Conforme afirmam os PCN (BRASIL, 1987, p. 26), “caberá ao professor mobilizar tais conteúdos em torno de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não representem temas isolados, mas digam respeito aos diversos aspectos que compõem o exercício da cidadania” e a formação moral.

No contexto da teoria de Kohlberg, sugere-se para pais e professores que os temas de formação moral sejam abordados conforme a teoria do desenvolvimento moral,  pela metodologia da discussão de dilemas morais onde se abordam problemas da vida, da escola e da sociedade conforme o nível de desenvolvimento de aprendizagem dos alunos, coordenados por pais e professores assessorados por psicólogos e pedagogos, que tenham formação para ajudar as crianças e os alunos a crescer ao longo dos estágios de desenvolvimento moral. 

 

 

Lucas do Rio Verde, setembro de 2017.
Prof. Dr. Nelso Antonio Bordignon, fsc
Diretor Geral - Faculdade La Salle

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